O
resultado do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) indica
199 municípios brasileiros em situação de risco de surto de dengue, chikungunya
e zika. Isso significa que mais de 4% das casas visitadas nestas cidades
continham larvas do mosquito. Os dados do novo LIRAa foram divulgados pelo
ministro da Saúde, Marcelo Castro, nesta terça-feira (24), em Brasília. Além do
levantamento, também foram divulgados a campanha de combate ao mosquito, o
balanço da dengue e chikungunya, além da investigação dos casos de
microcefalia.
Realizado
em outubro e novembro, o LIRAa teve adesão recorde para este período do ano,
com 1.792 cidades participantes, aumento de 22,4% se comparado ao número de
municípios em 2014. A pesquisa é um instrumento fundamental para o controle do
Aedes aegypti. Com base nas informações coletadas, o gestor pode identificar os
bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito, bem como o
tipo de depósito onde as larvas foram encontradas.
Além
das cidades em situação de risco, o LIRAa identificou 665 municípios em alerta,
com 1% a 3,9% dos imóveis com focos do mosquito, e 928 com índices satisfatórios,
com menos de 1% das residências com larvas do mosquito em recipientes com água
parada. O levantamento identificou a presença do mosquito Aedes albopictus, que
pode também transmitir a chikungunya, em 262 municípios.
Entre
as 18 capitais que o Ministério da Saúde recebeu informações sobre o LIRAa,
apenas Rio Branco está em situação de risco. São sete as capitais em alerta
(Aracaju, Recife, São Luís, Rio de Janeiro, Cuiabá, Belém e Porto Velho) e dez
com índices satisfatórios (Boa Vista, Palmas, Fortaleza, João Pessoa, Teresina,
Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Campo Grande e Curitiba). As cidades de
Macapá, Manaus, Maceió, Natal, Salvador, Vitória, Goiânia, Florianópolis e
Porto Alegre não encaminharam os resultados.
CRIADOUROS – A metodologia permite
identificar onde estão concentrados os focos do mosquito em cada município,
além de revelar quais os principais tipos de criadouros, por região. Os
resultados reforçam a necessidade de intensificar imediatamente as ações de
prevenção contra a dengue, em especial nas cidades em risco e em alerta.
O
armazenamento de água, como tonel e caixa d’água, foi o principal tipo de
criadouro na região Nordeste. Já o depósito domiciliar, categoria em que se
enquadram vasos de plantas e garrafas, predominou nas regiões Sudeste e
Centro-oeste. Nas regiões Norte e Sul, o lixo foi o depósito com maior número
de focos encontrados.
BALANÇO – O Ministério da Saúde
registrou, até 14 de novembro, 1,5 milhão casos prováveis de dengue no país. O
aumento é de 176%, comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram
registrados 555,4 mil casos. Nesse período, a região Sudeste apresentou 63,6%
do total de casos (975.505), seguida das regiões Nordeste (278.945 casos),
Centro-Oeste (198.555 casos), Sul (51.784 casos) e Norte (30.143 casos).
O
estado de Goiás registrou a maior incidência de dengue, com 2.314 casos por 100
mil habitantes, seguido por São Paulo, com 1.615 casos por 100 mil habitantes,
e Pernambuco, com incidência de 901 casos por 100 mil habitantes. Até a semana
epidemiológica 45, o número de óbitos aumentou 79%, passando de 453 mortes, em
2014, para 811, em 2015.
No
Brasil, também foram registrados em 2015, até 14 de novembro, 17.146 casos
suspeitos de febre chikungunya, sendo 6.726 confirmados. Outros 8.929 estão em
investigação. Em 2014, foram notificados 3.657 casos suspeitos da doença. Em
relação ao Zika, até esta terça-feira (24), 18 estados tiveram confirmação
laboratorial do vírus: RR, PA, AM, RO, TO, MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, BA, RJ,
SP, ES, MT e PR.
AÇÕES - As ações contra dengue
devem ser permanentes durante todo o ano. Como preparação para o período de
maior circulação da dengue, que vai de janeiro a maio, o Ministério da Saúde
distribuiu insumos estratégicos, como larvicidas, inseticidas e kits para
diagnóstico. A pasta também está fortalecendo a revisão, atualização e
divulgação dos planos de contingência nacional para febre chikungunya, dengue e
zika, e assessoria a estados na criação dos planos locais, além da divulgação
dos guias de vigilância. O Piso Fixo de Vigilância e Promoção da Saúde, que, em
2015, será de R$ 1,25 bilhão e se destina ao custeio de todas as ações de
vigilância em saúde, inclusive da dengue.
Na área
de assistência ao paciente, a página da Secretaria de Vigilância em Saúde
disponibiliza aos profissionais de saúde os guias de manejo clínico e protocolo
de classificação de risco para dengue e chikungunya. O material, também
disponível em aplicativos para celular, orienta o profissional sobre sinais de
agravamento da doença. O portal da Universidade Aberta do SUS oferece um curso
de capacitação a distância sobre assistência a pacientes com dengue e um módulo
sobre chikungunya está sendo preparado. Os profissionais de saúde da atenção
básica também têm a disposição o serviço de telessaúde para esclarecer dúvidas
sobre a doença.
CAMPANHA – A nova campanha do
Ministério da Saúde de conscientização contra a dengue chama a atenção para
importância da limpeza para eliminação dos focos do mosquito da dengue. “Sábado
da faxina. Não dê folga para o mosquito da dengue”, apresenta a campanha. O
material alerta “Se o mosquito da dengue pode matar, ele não pode nascer”,
reforçando que o mesmo mosquito também transmite os vírus chikungunya e Zika. A
campanha será veiculada na TV, rádio, internet e redes sociais. Em 15 minutos,
é possível fazer uma vistoria nas casas e eliminar os locais que podem se
transformar em criadouros do Aedes aegyti.
*Ministério
da Saúde