Pesquisa
Datafolha divulgada nesta quarta-feira mostra que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, mesmo condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF-4), manteve vantagem sobre os demais pré-candidatos à Presidência da
República.
Segundo
o levantamento, que foi realizado na segunda e na terça-feira, o petista tem
até 37% das intenções de voto. No entanto, a briga por uma vaga no segundo
turno fica acirrada caso Lula seja impedido de disputar a eleição — a
condenação na segunda instância do Judiciário o enquadra na Lei da Ficha Limpa.
Lula
lidera o primeiro turno em todos os cenários em que seu nome é colocado, com
percentuais que variam de 34% a 37%. Já o deputado federal Jair Bolsonaro
(PSC-RJ) não apresentou crescimento, mesmo nos cenários sem Lula. Bolsonaro
oscila entre 15% e 20% e lidera todos as simulações sem a presença do petista.
Por
outro lado, o Datafolha mostra Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) se mantém
na disputa por um lugar no segundo turno. Nos quatro cenários sem Lula, Ciro e
Marina ficam em segundo duas vezes cada. A ex-ministra do Meio Ambiente chega a
ter 16% das intenções de voto em cenário sem Lula, e Ciro, 13%.
O
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), varia entre 6%, nos cenários
com Lula, a 11%, sem o petista. Os percentuais são semelhantes ao registrado na
pesquisa anterior do Datafolha, divulgada em dezembro. O apresentador Luciano
Huck tem 8% em um cenário sem Lula. No entanto, Huck disse que não pretende
disputar o Palácio do Planalto.
Após
ter anunciado a intenção de participar novamente da disputa pela Presidência, o
senador Fernando Collor (PTC-AL) foi incluído no levantamento do Datafolha. Ele
aparece entre 1% e 3% nos diferentes cenários.
Nomes
ligados ao atual governo, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PSD), o
presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) e o próprio presidente Michel Temer não
passaram de 2% das intenções de voto.
O
Datafolha mostra também que o ex-governador da Bahia e ex-ministro da Casa
Civil Jaques Wagner, cotado como alternativa do PT ao ex-presidente Lula, tem
apenas 2% das intenções de voto na disputa pela Presidência. Até o momento,
Wagner não se apresentou como candidato.
SEGUNDO TURNO - No segundo turno, Lula venceria o tucano Geraldo
Alckmin por 49% a 30%; a ex-senadora Marina Silva (Rede) por 47% a 32%; e o
deputado Jair Bolsonaro (PSC) por 49% a 32%.
Nas
simulações de segundo turno, Bolsonaro também seria derrotado por Marina Silva
(42% a 32%) e estaria em situação de empate técnico com Alckmin (35% a 33%).
Esta segunda hipótese estaria dentro da margem de erro da pesquisa, que é de
dois pontos percentuais para mais ou menos. A simulação envolvendo Alckmin e
Ciro Gomes aponta, também, um empate técnico — nesse cenário, Alckmin teria
34%, e Ciro, 32%.
REJEIÇÃO
- A condenação do TRF-4 não alterou significativamente a rejeição do
ex-presidente Lula, que subiu de 39% na pesquisa anterior para 40%. A mudança
mais sensível foi na rejeição do presidente Michel Temer, que caiu de 71% para
60% em cerca de um mês. Fernando Collor aparece com a segunda maior rejeição,
com 44%, atrás de Temer. Bolsonaro tem 29%, Alckmin, 26% e Huck, 25%.
O
Datafolha registrou ainda que a saída de Lula da corrida presidencial poderá afetar
a participação nas eleições — 31% dos eleitores do petista declararam voto
branco ou nulo nos cenários sem o ex-presidente.
TRANSFERÊNCIA
DE VOTO - O Datafolha também mostra que Lula perdeu potencial de transferência
de voto. Em novembro, o percentual de eleitores que não votariam no político
apoiado por Lula era de 48%. A pesquisa desta quarta-feira registra 53% de
rejeição a qualquer nome indicado pelo ex-presidente.
Apesar
da queda, a influência de Lula não pode ser desconsiderada como cabo eleitoral.
Isso porque 27% dos entrevistados ressaltam que o ex-presidente "com
certeza" influenciaria suas escolhas, e 17% afirmam que "talvez"
seguissem a indicação do petista.
O
Datafolha também levantou como seria a performance do juiz Sérgio Moro,
responsável pela condenação de Lula na primeira instância, no ano passado.
Segundo a pesquisa, 50% dos entrevistados não votariam no candidato apoiado
pelo magistrado, enquanto 25% confirmaram que seguiriam a indicação dele.
Outros 22% admitiam a possibilidade de ouvi-lo e votar com ele.
O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, garante o voto de 11% dos
eleitores aos seus apadrinhados. Outros 22% estudariam votar no nome apoiado
pelo tucano. Mas 64% dos entrevistados rejeitam a indicação do líder do país
entre 1995 e 2002.
Michel
Temer é o cabo eleitoral mais impopular das opções estudadas pelo instituto:
87% dos eleitores rejeitam o candidato do presidente, apenas 4% acolheriam a
indicação e 8% avaliaram a possibilidade.
O
Datafolha fez 2.826 entrevistas em 174 municípios. A margem de erro da pesquisa
é de dois pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa foi registrada no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR 05351/20018. O levantamento
foi divulgado pelo jornal "Folha de S.Paulo".